O sul da França coincide com a região histórica chamada de Occitânia, ou Occitanie, em francês. Apesar de nunca ter constituído uma nação como hoje concebemos, esta vasta área esteve unificada desde o Império Romano, quando era conhecida como Viennoise. Posteriormente, já na Idade Média, manteve importante papel na conturbada política do medievo compondo o Ducado da Aquitânia, ou reino visigodo de Toulouse, antes da conquista dos francos.
O principal fator de unidade dos habitantes desta região, além da herança cultural comum de diversos povos que se opuseram em armas para sua conquista, é a língua occitana. Também chamada de langue d'oc, o termo designa originariamente os falantes da língua derivada do latim, cuja palavra correspondente ao "sim" português era dito "oc". Dante Alighieri foi o grande responsável pela difusão do termo langue d'oc, quando resumiu as três línguas dominantes na Europa de seu tempo como sendo as línguas d'oil (francês arcaico), d'oc (occitano) et de si (italiano). No quadro ao lado podemos verificar o desenvolvimento da língua ocitana até tornar-se dialeto francês.
Sendo resultado das interações de um número significativo de povos com culturas bastante heterogêneas, incluindo visigodos, romanos, gregos, francos, muçulmanos e outros, a região apresenta até os dias de hoje uma riqueza cultural imensa, oferecendo aos visitantes não apenas atrações de grande beleza natural como também aspectos ligados ao fluxo do tempo, desde a pré-história, passando pela antiguidade clássica, o medievo e chegando aos nossos dias, sendo cada período enriquecido pela diversidade cultural propiciada pelos diferentes grupos que interagiram naquele espaço, na maioria das vezes de forma pouco harmônica. Desta forma, o sul da França, que se confunde com a região histórica da Occitânia e modernamente chamada de Riviera Francesa, na porção banhada pelo Mediterrâneo, nos surpreende a cada instante com seu estilo de vida peculiar, convidativo e encantador, herança de culturas milenares...
Saint Paul de Vence
A cidade medieval de Saint Paul de Vence oferece verdadeiro testemunho do que foi viver na Idade Média, dentro da concepção defensiva de cidade murada onde vivia-se com medo dos ataques de seus vizinhos do feudo ao lado. O poder descentralizado que caracterizava o medievo europeu, com o rei muitas vezes desempenhando uma posição mais frágil que alguns senhores feudais, dava margem a ataques e conquistas entre pessoas bastante próximas, em verdadeiras guerras fratricidas. Restava ao cidadãos que podiam buscar a proteção das muralhas da cidade e orar para não serem atacados. Assim se passou boa parte da Idade Média, atrás de muros pedindo a proteção de Deus... Saint Paul de Vence nos oferece esta atmosfera, sem o perigo de sermos atacados... A cidade hoje se caracteriza por ser um polo produtor de ótimos vinhos (alguns passando de 4 mil euros) e de obras de arte. São muito comuns as galerias que oferecem pinturas, esculturas, jóias e outros produtos de grande beleza.
A galerias de arte dominam Saint Paul de Vence |
Pode-se chegar facilmente até a cidade a partir de Nice, da qual dista cerca de 20 Km, sendo ideal para um bate-volta. Para aqueles aficionados que quiserem desfrutar um pouco mais da atmosfera romântica que o ambiente oferece, existem boas opções de hospedagem e restaurantes de grande reputação na cidade, alguns com preços dos pratos a razoáveis 15 euros. Cuidado apenas com a bebida... Os valores podem ser bem mais elevados...
Restaurante La Fontaine - uma boa opção |
Grasse
Ainda próximo da cidade de Nice, a cerca de 40 Km, encontra-se a bela e perfumada cidade de Grasse. Se a França é reconhecida mundialmente por seus perfumes, muito deve a esta cidade que desde o século XVII é reconhecida como a Capital Mundial do Perfume. O desenvolvimento da perfumaria, aliás, se deu ainda na Idade Média com o objetivo de minimizar os efeitos dos odores produzidos pela indústria do curtume, dominante na região. O desagradável cheiro que os produtos de couro tinham na época, em razão das técnicas empregas na fabricação, faziam com que a nobreza não utilizasse este material em suas vestes, reduzindo muito sua viabilidade comercial. A ideia de se "curtir" o couro com misturas que incluíam extratos de rosas surgiu em Grasse, produzindo peças de couro com cheiro agradável. A rainha Catarina de Medicis foi presenteada com um par de luvas elaboradas sob a nova técnica. Como a soberana agradou-se do resultado obtido, toda a nobreza passou a disputar o couro de Grasse. Com o passar do tempo a indústria do couro perdeu espaço para outras cidades mas ninguém mais conseguiu bater Grasse na produção de perfumes. Algumas das mais antigas perfumarias do mundo como a Molinard e a Fragonard iniciaram suas operações em Grasse e permanecem em operação, exportando seus produtos para o mundo inteiro.
Museu do Perfume Fragonard |
Antibes
A cidade de litorânea de Antibes, distante apenas 30 Km de Nice oferece também ao turista gratas surpresas. Além de um belo litoral e uma cidadela medieval fortificada, podemos desfrutar de uma das mais completas coleções de obras do mestre Picasso, no museu a ele dedicado. O próprio prédio que abriga o museu, o Palácio Grimaldi, já merece uma especial citação. Pertencente a um braço da família Grimaldi de Gênova, os antigos proprietários do palácio possuem ancestrais comuns com os senhores de Mônaco, mas não tiveram a mesma sorte de converterem seus domínios em um principado com o qual pudessem manter o poder. A construção do prédio se deu sobre a acrópole da antiga vila grega, aproveitando as fundações de um templo romano do qual ainda é visível cerca de 5 metros de paredes em alguns pontos da torre. Em 1946 Pablo Picasso solicita aos proprietários do castelo um espaço para instalação de seu atelier. Alguns anos mais tarde o pintor espanhol recebe o título de cidadão de Antibes e em 1966 o Palácio Grimaldi passa a ser definitivamente um espaço dedicado à obra do artista.
Obra de Picasso no Palácio Grimaldi |
Cannes
A cidade de Cannes é mundialmente famosa em virtude de sediar um dos mais importantes festivais de cinema do mundo. Anualmente, os grandes artistas da Sétima Arte, particularmente da Europa, mas também alguns americanos, rumam para a Riviera Francesa para verem e serem vistos no famoso certame cinematográfico. A festa é uma das mais badaladas atividades da região que tradicionalmente se caracteriza por um estilo próprio de vida, ligado ao luxo e à ostentação. Tendo sua história intimamente ligada aos acontecimentos políticos da década de 30 do século passado, o Festival de Cannes foi idealizado como um boicote ao congênere italiano de Veneza, onde se verificava a forte influência do nazista Joseph Goebbels. O projeto se baseou em um consórcio entre os principais estúdios franceses e americanos e foi noticiado como o "festival do mundo livre". A primeira edição estava marcada para o dia 1º de setembro de 1939 com apresentação de obras de grande importância, como O Mágico de Oz, de Victor Fleming e seria presidida por Luis Lumière, um dos inventores do cinema. No dia da inauguração do festival, a Alemanha invade a Polônia, inicia a Segunda Guerra Mundial e o festival é cancelado. A primeira edição se daria apenas após a derrota definitiva do nazismo, em 1946.Atualmente a festa ocorre no mês de maio, durante doze dias, sendo uma excelente oportunidade de estar perto de algumas das pessoas mais famosas do mundo.
Calçada da Fama - Sylvester Stallone |
Saint Tropez
A cidade de Saint Tropez, localiza-se aproximadamente na metade do caminho entre Nice e Marselha, sendo, portanto, a pouco mais de 100 Km de cada uma delas. Se constitui, portanto, em um excelente destino de bate-volta de qualquer uma das principais cidades da região, mas também oferece bons alojamentos para aqueles que quiserem desfrutar de suas lindas praias, belos monumentos históricos e/ou uma vida noturna agitada que atrai celebridades não apenas europeias mas também americanas e de outras partes do mundo. Tendo sido uma cidade fortificada durante a Idade Média, não desenvolveu-se como algumas de suas vizinhas, chegando ao princípio de século XX como uma modesta vila de pescadores. A partir da década de 60, começou a atrair a atenção de artistas e personalidades do jet set europeu que, liderados pela musa Brigitte Bardot, redescobriram e a antiga vila e a transformaram em um dos destinos mais elitizados do turismo internacional.
Uma das formas mais eficientes de se conhecer Saint Tropez é pelo mar... A empresa La Pouncho oferece passeios de uma hora de duração nos quais se pode ter uma visão única da cidade, do antigo porto, da baía des Canoubiers e, principalmente da mansões de personalidades mundiais que de outro ângulo seria impossível a vista. Dentre estas mansões destacam-se as que pertenceram aos cantores Elvis Presley e George Michael bem como as espetaculares residências de Brigitte Bardot, Dody Al Fayed e da família Benetton. No vídeo abaixo são mostradas algumas destas lindas propriedades.
Avignon
Distante cerca de 100 Km de Marselha, rumo noroeste, encontra-se a histórica cidade de Avignon. Para mencionarmos sua importância devemos nos situar nos princípios da consolidação do poder real, durante o surgimento do Antigo Regime, quando o Rei Felipe IV, o Belo, tentava impor seu poder sobre os demais nobres e fazer valer sua vontade contra os ditames da Igreja. Entendendo que o Papa instalado na Itália defendia interesses estranhos ao seu reino, Felipe opôs-se frontalmente a Bonifácio VIII e forjou a instalação do papado em Avignon, cidade francesa, dando início ao chamado Cisma do Ocidente, que dividiu a Igreja em duas sedes distintas, gerando papas não reconhecidos, chamados de anti-papas. A escolha de Avignon se deu devido as facilidades de ligação em virtude da existência já na Idade média de uma ponte sobre o Rodano,da qual hoje resta apenas uma pequena porção. Os castelos papais de Avignon são as principais atrações da cidade.
Palácio Papal de Avignon |
Abadia de Sénanque
Localizada a poucos quilômetros de Avignon a Abadia de Notre Dame de Sènanque é um monastério da Ordem de Cister ainda em operação, tendo sido fundado em 1148. Por devoção, seguem com rigor a Regra Beneditina e dedicam suas vidas ao trabalho, oração e clausura. Este rigor, contudo, não impede que os viajantes visitem partes da abadia e fiquem deslumbrados com seus tradicionais campos de lavanda. Para aqueles que sonham com os campos coloridos de roxo, programem sua visita para os meses de junho/julho, mas não esqueçam de atentar para as rígidas regras da abadia, afinal, a Ordem foi fundada há séculos por considerar pouco rigorosa a vida na Abadia de Cluny...
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