No post anterior abordamos as principais características da cidade de Tours e nesta postagem iremos explicar porque...
Tours se encontra no centro de uma linda região repleta de histórias de reis e rainhas de grande poder que legaram à humanidade inúmeros e belos castelos. Apesar de terem a construção normalmente atrelada a períodos de guerras, violência e invasões, os castelos hoje transmitem uma noção romântica de como era viver na Idade Média em meio ao luxo e à riqueza... Claro que prevalece aí muito mais a visão Wall Disney do que a do Príncipe Negro - Eduardo Plantageneta - príncipe de Inglaterra e Aquitânia, invasor de castelos e um dos mais destacados combatentes da Guerra dos Cem anos.
O Príncipe Negro - Eduardo de Aquitânia |
Aliás, a riqueza material e histórica desta região está ligada ao poder dos Duques da Normandia que, por intermédio de Guilherme Conquistador, unificaram um simples ducado ao reino da Inglaterra e toda a disputa dinástica resultante que colocou em conflito dois dos principais reinos da Europa ocidental durante 116 anos.
Visitar esta região é viajar no passado e seja qual for seu interesse, batalhas cruéis ou belos romances, aqui você encontrará o cenário perfeito para suas melhores fantasias...
É possível realizar o passeio ao vale do Loire (pronunciá-se algo com Loárr) com um bate e volta a partir de Paris... Possível, mas pouco recomendado. A região é tão linda, com tantos pontos a visitar e tanto a se conhecer que vale a pena prever alguns dias de estadia na principal cidade da região e que convenientemente se localiza em uma posição central: Tours!!!
Vejamos agora alguns dos principais castelos do vale do Loire e um pouco de suas histórias:
Chateaux de Gien
Mais de seiscentos anos de acontecimentos marcantes enriquecem a história deste lugar que se projeta sobre a margem direita do Loire, marcado pela ponte em ressaltos, construída no século XVI. Abaixo de si, a cidade reconstruída após os bombardeios de 1940... Projetados no céu, as torres da igreja, lembrando o fervor religioso do passado e a fortaleza feudal que controlava o rio, importante via comercial e estratégica.
Existem registros da visita de Joana d'Arc a Gien, vindo de Vaucouleurs, em primeiro de março de 1429 e no final de junho do mesmo ano, quando conduzia o Delfin para ser coroado em Reims, tornando-se rei Carlos VII, e finalmente iniciar a retomada da França, quase totalmente caída nas mãos dos ingleses.
Chateaux de Sully
Os barões de Sully estavam vinculados ao bispo de Orleães e, na margem esquerda do Loire, na confluência com o Sange, possuíam um potente torreão, citado já em referências do século XII. Controlavam a ponte, taxando viajantes e mercadorias, tanto na estrada quanto no rio. Esta prática motivou o confisco do domínio, após a reclamação de comerciantes. Sob o argumento de fazer valer sua autoridade, o rei agregava ao seu patrimônio uma rica fonte de renda...
No período em o rei Carlos VII vagava de um canto a outro do vale, habitando em diferentes castelos, tendo Paris sob o domínio inglês, foi recebido diversas vezes pelo Senhor de Sully enquanto Joana D'Arc libertava Orleães. A própria santa esteve uma temporada sob seu rico teto, a despeito das intrigas realizadas pelo barão, invejoso da influência que ela tinha sobre o rei. Daqui Joana partiu para libertar Paris, sendo aprisionada pelos inimigos e abandonada pelo monarca que ajudara a coroar, acabou sucumbindo na fogueira como uma bruxa, acusação infelizmente frequente na época...
Chateaudun
Importante bastião também relacionado à Guerra dos Cem Anos, este castelo foi, durante quatro séculos uma das praças principais dos poderosos condes de Blois. Em 1391, Luis de Orleães, irmão do rei Carlos VI, compra os condados de Blois e Dunois, aumentando de forma vantajosa seu poder na região e desequilibrando as forças do instável poder feudal. Depois do assassinato de Luis a mando de seu tio João Sem Medo, duque de Borgonha, seu filho e sucessor Carlos de Orleães, herda Chateaudun e Blois e coloca-se em guerra contra o ducado de Borgonha, os quais reforçarão a pretensão inglesa ao trono da França. Ferido em combate, Carlos é preso pelo inimigo e permanecerá 25 anos preso na Inglaterra. Assumirá seu posto em luta seu meio-irmão conhecido como Bastardo de Orleães, chamado por Joana d'Arc de "o Gentil Bastardo". Após o processo de sua libertação, mediante pagamento de elevado resgate, condizido pelo Bastardo, Carlos presenteia seu irmão com o ducado de Dunois, como recompensa por mais de 40 anos de luta e lealdade.
Blois
No século IX já se falava de um castelo em Blois. Trata-se provavelmente deste castelo que na metade do século X, Tibaldo, O Trapaceiro, proprietário de Tours e Chartres, restaura e reconstrói. Por 250 anos os condes conservarão os seus feudos, acrescentando a Champagne. Em 1230 a herança passa à família Chatillon, que dá continuidade à transformação do castelo. Segundo Froissard, cronista do século XIV, era uma das mais belas praças fortes do reino.Neste castelo morará Luis de Orleães após sua volta da prisão na Inglaterra. Sem conseguir inserir-se no jogo político após 25 anos de afastamento, dedica-se à poesia, arte descoberta nos anos de cárcere. Viúvo, após dedicar vários poemas à sua falecida esposa, próximo de tornar-se quinquagenário, casa-se com uma nobre de 14 anos, a qual lhe gerará um filho, Luís, que será rei da França, nascido no castelo de Blois...
Chambord
A tradução do Gaulês da expressão chambord significa "vau na curva". Esta origem do nome indica a tradição bastante antiga que envolve o lugar onde hoje se encontra um dos mais belos exemplos da arquitetura renascentista francesa. Apesar de ser citado já no século XII, a fortificação de Chambord em seu estado atual está bastante relacionada ao rei Francisco I que, desejoso de explorar as possibilidades de caça oferecidas na região, determinou estudos para a construção de um verdadeiro castelo digno de sua nobreza. Apontamentos indicam que até mesmo Leonardo da Vinci, membro da corte do rei francês, participou do projeto, apesar de ter falecido alguns meses antes do início da construção.
O domínio é realmente impressionante, tanto pela beleza arquitetônica como pelo refino de seu interior e os detalhes de seus jardins. Uma visita que vale a pena realizar com calma e aproveitar cada instante.
Chaumont
No século X, Eudes I conde de Blois, e Foulques Nerra, conde de Anjou disputaram o vale do Loire, dentro da filosofia do direito feudal que favorecia o enfrentamento interno entre diferentes feudos. Desde então, estes domínios terão sido fontes de disputa e constantes alvos de acirrados combates até a Segunda Guerra mundial na década de 40 do século XX. O castelo de Chaumont, construído no cenário destas disputas durante o século X como uma ligação entre Amboise e Blois, esteve constantemente também no centro das disputas de poder que marcaram cada um dos períodos conturbados da França, chagando a receber sentença de destruição no século XIV em função de seu Senhor haver participado de uma revolta contra o rei. Concedido o perdão, o duque manteve sua vida e a História manteve seu patrimônio.
Amboise
A situação estratégia da planície aos pés do castelo, interessou aos homens desde o seu aparecimento nas margens do grande rio. Estudos arqueológicos demonstram que Amboise tem sido um sítio importante desde a pré-história, passando pelo período celta, dos romanos e durante toda a Idade Média. No século XI, três senhores, vassalos dos condes de Blois ou Anjou, disputaram a posse de Amboise em uma guerra incessante. Em 1106, Huges consolida a conquista do feudo e fortifica ainda mais a construção rudimentar existente, dando origem á futura dinastia de Amboise que manteve o domínio até quando Carlos VII, influenciado pelo intrigante senhor de Sully, o mesmo que iludira o rei contra Joana D'Arc, acusa Luís de Amboise de traição e confisca o castelo e suas terras anexando-as à coroa.
Sendo um dos castelos mais visitados da região nos dias de hoje, destaca-se como um dos fatores desta preferência a pequena capela Saint-Hubert, não pela capela em si, mas pelo túmulo que nela repousa, o qual recebe os restos mortais de um dos maiores gênios que a humanidade produziu - Leonardo da Vinci - o qual passou seus últimos dias na companhia do rei Francisco I e de sua corte em Amboise.
XXX
Além destes, há cerca de cinquenta outros castelos na região do vale do Loire. Todos muito lindos e com ricas histórias... Conhecê-los na totalidade é quase impossível para o turista normal, mas ter uma pequena ideia para selecionar os mais importantes sempre vale a pena... Um outro castelo ligado à História de oito importantes mulheres, por isso chamado de Castelo das Damas, é o Chateaux de Chenonceau, mas sobre esse falaremos mais tarde...
Gostou do post? Se ficou com vontade de saber mais sobre o vale do Loire e seus castelos, mande-nos sua pergunta... Se quiser visitá-los, entre em contato com a Militur Viagens Internacionais e solicite o orçamento de sua viagem!!!
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